quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Movimento Não Pago: Festival Catraca Livre pra agitar o DIA

Evento no contexto da Outubro Negro – Rumo à Tarifa Zero – reúne hardcore, reggae, hip hop e poesia debaixo do viaduto


A rotina debaixo do Viaduto do DIA ganha cada vez mais atividade. Primeiro o Coletivo Sarau debaixo fez da construção o teto pra poesia divergente da capital. Agora é a hora do Movimento Não Pago fazer barulho e não deixar a máfia do transporte descansar em paz, mostrando que o povo se organiza a cada dia pra derrubar um esquema de poucos lucrando sobre a exploração de muitos.

O Festival Catraca Livre, no contexto do Outubro Negro – Rumo à Tarifa Zero –, traz manifestações contra-culturais num grito de resistência a esses desmandos dos que se dizem senhores dessa terra. A partir das 17h de quinta, dia 24, bandas como Rótulo (hardcore), Ideal (hardcore), Kranio Farto (hardcore), Reação (reggae) e Kilodoinhame (reggae) se juntam pra fazer essa zoada.

ORGANIZAÇÃO E LUTA

Desde domingo, dia 20, diversas atividades de mobilização social são puxadas pelo Movimento Não Pago. Trata-se de organização que luta contra a máfia dos transportes de Aracaju e seus desmandos sobre a população que é obrigada a pagar R$ 2,35 por um serviço de péssima qualidade, com ônibus em quantidade insuficiente e desgastados, pondo em risco a segurança dos usuários.

O aracajuano paga por esse serviço uma das tarifas mais caras do Nordeste e a essência do Não Pago está em mostrar que essa tarifa não apenas está em desacordo com a realidade mas é baseada em planilhas de custo fraudulentas pelas empresas que lucram MUITO com a exploração do sistema de transportes.

Dizem que quanto mais intensa é a reação daquele que oprime diante da resistência, maior é a prova de que essa está no caminho certo. Em todo o Brasil os movimentos sociais são criminalizados pela mídia e pela polícia, que não se envergonha de usar de todo tipo de ardil sujo para incriminar aqueles que ousam protestar por anos de violência e vandalismo contra suas vidas. Confira nota do Movimento Não Pago por conta da repressão do Estado contra aqueles que resistem à sua lógica capitalista:


Primeiro dia de atividades do Outubro Negro é marcado pelo terrorismo de Estado

Na tarde do domingo, 20 de outubro, o Movimento Não Pago iniciou suas atividades do Outubro Negro – Rumo à Tarifa Zero. A ideia dessa e de várias outras atividades que vão ocorrer ao longo da semana, é de mobilizar a população aracajuana para o dia 26, que é marcado historicamente como o dia nacional do passe livre.

O que poderia ter sido uma tarde de atividades, se transformou em um verdadeiro terrorismo e opressão do Estado. A oficina para a criação de Estêncil - arte que é utilizada, historicamente, por diversos movimentos sociais como forma de propagandear suas bandeiras e ideais - foi vista pela Guarda municipal e Polícia Civil como um crime de depredação do patrimônio público e apologia ao crime, pois em um dos estênceis havia a mensagem “pule a catraca”.

Após desprender um aparato policial enorme para um fato que poderia ter sido resolvido lá mesmo, um dos coordenadores do movimento, o facilitador da oficina, foi levado à delegacia plantonista. Para que o coordenador fosse liberado, o movimento precisou pagar uma fiança de R$ 678,00.

O processo de criminalização dos movimentos sociais não está expresso apenas neste caso: ao longo do ano, o Movimento Não Pago, por exemplo, foi perseguido em diversos momentos, com prisões arbitrárias em atos, levamos Spray de Pimenta na porta da Câmara de Vereadores, apanhamos da PM no desfile do 7 de setembro. Desta forma, afirmamos que a criminalização que sofremos neste ano é apenas uma parte da política que seguirá sendo implementada pelo prefeito João Alves (DEM) e o governador em exercício Jackson Barreto (PMDB/PT) como mecanismo utilizado para impedir e as mobilizações que ocorrem e questionam a lógica do capitalismo.

O desdobramento desta política é o que temos visto nas greves e manifestações populares em todo o país: prisões, forjamento de provas, desaparecimento de pessoas. A ditadura pouco e mal disfarçada do Estado Policial, os altos investimentos em “tecnologias de segurança” e na preparação de policiais de elite para a contenção de “distúrbios” dá o tom do que propõem os governos: o silenciamento e a perseguição dos que lutam.

Mas não podemos ficar calados diante desse fato. Pedimos o apoio dos diversos movimentos sociais e sindicatos, e gostaríamos de convocar a todos e todas a participarem e fortalecerem as atividades do Outubro Negro- Rumo a Tarifa Zero.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Karne Krua (re)lança disco Inanição com Babalu na bateria

Karne Krua e demais bandas proporcionaram noite insana
Há sete anos atrás, a Karne Krua gravava o disco Inanição, um puta trabalhão da veteraníssima e incansável banda de hardcore sergipana que tem mais tempo de atividade que a idade da maioria do público que vai a seus shows. Foi o último disco gravado pelas baquetas de Thiago Babalu, que se mandou pra morar em São Paulo e seguir seu caminho na música em cenas menos limitantes que a nossa. Sete anos foi o tempo de espera pra ver esse disco lançado pela banda com com esse monstro nas baquetas. Na noite (e madrugada adentro) de sábado, dia 28, essa espera foi sanada com uma noite insana. É difícil até de descrever, mas vamos lá...

Robot Wars
Robot Wars
Foi a Robot Wars que abriu o palco, com a dupla Sílvio (guitarra) e Ivo (bateria) pra levar um neo-crust violento. O Dicoturno já tinha acompanhado a performance da banda no Concerto para o Fim do Mundo. Obscuro e barulhento, esse segundo show foi tão cheio de delay e ruído quanto o primeiro e agradou quem tava lá na Casa Rua da Cultura, apesar de pouca gente ter chegado a essa altura da noite. Houve quem estivesse preocupado com um possível boicote contra a casa, mas isso vai ser tratado mais adiante.


Nucleador
Nucleador
Logo depois o palco foi tomado pela Nucleador. O vocalista, Levi, é um dos caras mais versáteis da cena atual. Do ska ao thrash, o gogó do cara tem qualidade. E acompanhado por Murilo (guitarra), Petoh (bateria) e Tiê (baixo), a banda tocou com um público já mais numeroso (ufa!), afastando o temor de pouco público (afinal, a noite era especial) e só aí a roda se formou. No excelente repertório autoral, deu até pra fugir um pouco da sonoridade usual da banda e encaixar dois covers de Pennywise, punk californiano que também animou.

Crimes Hediondos
Crimes Hediondos
Hora da Crimes Hediondos: hora de madeira! O core de Pedro (guitarra), Mazinho (baixo, aniversariante do fim de semana) e Mago (bateria) se complementam com o vocal de Alécio, sempre muito performático, que eleva a empolgação, desce do palco pra cantar/pogar no meio da roda, berra, canta, se contorce. É a reação natural da banda e de quem curte um show, uma reação tão visceral quando o som gerado e cuspido no recinto. Show impecável, punk demais. Estava todo mundo aquecidíssimo e preparado pro que viria.

Babalu na bateria da Karne Krua
Karne Krua
É o que se pensava. Pouca gente estava preparado pra porrada que seria o show da Karne Krua. Todo mérito do mundo pro atual baterista, Adriano, um puta músico que continua elevando a qualidade do som deles, com a mesma ferocidade e qualidade de todos esses (muitos) anos de banda. Mas ver Babalu na formação lançando o “Inanição” foi especial. Eu já disse que ele não deve ser desse planeta. Foram sete anos morando em São Paulo, sem ensaiar, mas o cabra volta e, mesmo com a conversa fiada de que não sabe mais tocar hardcore, destrói.

Karne Krua
Karne Krua
Conversa fiada, claro. Como bem expressou Adelvan Barbosa, do Programa de Rock, a evolução de Babalu ao longo dos anos fez desse show uma monstruosidade. “Na moral, acho que foi um dos melhores shows de Hard Core que eu já vi na vida. Sem exagero”, publicou. Foi lindo. Tão lindo que quase ficamos sem registro fotográfico: entrei na roda, com câmera e tudo, que levou umas duas ou três pancadas. Sobreviveu, assim como quem esteve lá. Insano – sem mais.

UMA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Apenas um adendo: muito se falou durante a semana que antecedeu esse lançamento sobre um incidente, que rendeu muitos protestos, ocorrido na Casa Rua da Cultura , que abrigou o show. Grupos organizados pró-feminismo e pessoas envolvidas acusam um dos “mentores” da casa de machismo contra duas garotas. Agressões físicas dos dois lados, envolvendo também o namorado de uma das garotas, foram amplamente divulgadas, o que iniciou um debate intenso nas redes eletrônicas.

Sílvio Campos, vocalista da Karne Krua conversou com o Dicoturno sobre isso e destacou que não costuma tratar diretamente com o “acusado” quando fecha eventos no espaço. Porém, ele enfatiza que condena a prática do machismo – assim como a opinião geral que pairava no ambiente na noite do show. Não poderia ser diferente no meio da comunidade punk, que tem aversão a machismo, racismo, homofobia, xenofobia, e outras formas de opressão fascistas. “Nós da banda conversamos e, quando ficamos sabendo do ocorrido, condenamos, se foi mesmo como está sendo dito. Não compactuamos com práticas machistas”, disse Sílvio.

O show, que já estava marcado e com tudo acertado com a casa antes do incidente do fim de semana anterior, foi mantido. Houve quem comentou que amigos preferiram não ir por conta do local. Não se sentiriam à vontade no ambiente onde uma suposta demonstração de machismo teria sido feita de forma tão ostensiva. Os organizadores, não tendo relação nenhuma com os envolvidos dos dois lados, o mantiveram.

Ex-componentes do grupo teatral que têm na Casa Rua da Cultura seu teto, assim como outros artistas e organizações ligadas à cultura, pedem o afastamento do seu “mentor”. Opiniões divididas, protestos anti-machismo, defesas, boicotes e pedidos de afastamento. Com isso tudo a pergunta é: terá sido esse o último show de hardcore sob a atual “administração” da Casa Rua da Cultura?

Robot Wars
...uniu todos numa grande festa punk
Roda de pogo em todas as bandas...


Nucleador
Nucleador

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sarau debaixo: poesia divergente tomando de assalto a cidade

"Ficou decretado ontem! A poesia e a cultura de rua vai tomar de assalto a cidade. Salve todos os poetas, salve todos os artistas, salve a rua, a rua é nóis. POR LUTA , DIGNIDADE E JUSTIÇA. VIDA LONGA AOS SARAUS!!"

Assim Pedro Alves, um dos puxadores do Coletivo Sarau Debaixo, celebra todo o clima de enfrentamento ao cotidiano puxado pelo lirismo combativo que tomou conta da rua na noite de terça, dia 17, no 1º Sarau Debaixo. Abrigados sobre o concreto do Viaduto do DIA, amantes da arte - marginal ou não - deram vida e calor à frieza urbana e, em plena hora do rush, apreciaram uma boa pitada das produções literárias que estavam "guardadas" por falta de espaços na nossa engarrafada capital.



Mas espaço é o que não falta nessa e em qualquer outra cidade. O Sarau Debaixo veio pra mostrar isso: a rua nos pertence e assim a arte toma conta de todos os cantos. O coletivo promete organizar um sarau toda terça-feira da terceira semana de cada mês. Hip-hop, repente, cordel, poesia de luta ou não, hardcore, grafite, FANZINE, arte! É agora que tomamos de volta as ruas que nos pertencem.


Enquanto o próximo Sarau Debaixo não vem, vai rolar nessa quinta, dia 19, às 18h, no Departamento de Filosofia da UFS, uma formação sobre a história da poesia marginal brasileira nos anos 70 e 80, com o professor Romero Venâncio e o Coletivo Sarau Debaixo.


A terra desse chão  
De arames farpados  
Os passos da cidade  
De muros levantados  


O direito de não entrar 

De sempre ficar na porta 
Essa catraca torta 
Um dia há de quebrar 
Assim como o ingresso 
Os portões e a classificação 
E toda política de “ eu te peço” 
Agora eu digo “não!” 

Pois pra gente não importa 

Se todas as casas estão fechadas, 
Se os teatros, meu amigo, não passam de fachadas, 
E pra eles a nossa poesia é de marginal 
A rua é nossa 
divergência 
sem clemência 
sem direito de perder mais nenhum direito 

Porque aqui 
Está decretado: 


Toda chão será palco 

Todo muro será mural 
TODA ESTA CIDADE POESIA 



Foto (destaque) por Victor Balde. Demais fotos por Thiago Leão


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ato público pelo fim da violência contra a mulher

Fotos por Thiago Leão
O blog Dicoturno esteve presente no Ato Público Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, realizado na última sexta, dia 13, ao som de batucadas e brados contra o machismo. A primeira parada da comitiva foi na Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, onde foram entregues uma nota do Coletivo de Mulheres de Aracaju sobre os recentes casos de violência e um manifesto pelo fim da violência contra a Mulher, assinado pelo Coletivo e pelas demais entidades que construíram o ato: Movimento Mulheres em Luta (MML) e Assembléia Nacional de Estudantes - Livre (ANEL).

O procedimento foi repetido na Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAVG), com o adicional de uma reunião entre o grupo e a delegada Érika Farias, uma excelente oportunidade para não expressar as pautas do movimento feminista como para conhecer um pouco do trabalho e das dificuldades enfrentadas na luta contra a violência contra a mulher.

De lá o cortejo segue para a Assembléia Legislativa de Sergipe (ALESE), para oficializar um pedido de audiência pública com a Comissão de Direitos Humanos da ALESE. A luta contra a opressão de gênero segue firme, protagonizada pelas mulheres e com apoio dos homens que reconhecem a importância fundamental da igualdade, começando pelo fim da violência contra a mulher. Reproduzimos aqui nota dessas protagonistas na luta contra uma das mais vis formas de opressão. E viva à resistência!


Nota do Coletivo de Mulheres de Aracaju sobre os recentes casos de violência contra as mulheres em Sergipe

O machismo mata todos os dias com a conivência do Estado!

No último mês de agosto e início de setembro nos deparamos com o assustador aumento do número de casos de violência contra as mulheres e feminicídios, no Estado de Sergipe. Essa é uma realidade cruel e machista a qual todas nós mulheres estamos expostas. A qualquer hora, em qualquer lugar, diariamente, do interior à capital sergipana, os casos são chocantes.

No seu local de trabalho, a cozinha do restaurante da Universidade Federal de Sergipe, por volta das 10h30 da manhã, Danielle Bispo, 27 anos, foi assassinada a facadas por seu ex-companheiro, no dia 19 de agosto. O motivo? Machismo.

No mesmo dia em que Danielle foi assassinada, 19 de agosto, uma mulher de 28 anos que não quis ser identificada, começou a ser brutalmente torturada pelo seu ex-namorado, por volta das 18h, na sua própria casa, sob as palavras “Se você não é minha, não será de ninguém”. A sessão de tortura durou 12 horas. Ela pediu para morrer, mas ele, o ex-namorado, disse: “mato nada, quero que você sofra”. O motivo? Machismo.

Uma mulher, de 32 anos, foi estuprada em uma escola. Ela estava em um bar à noite, sozinha, quando chegou um homem, sentou-se ao seu lado e puxou papo. Ficou tarde, o estabelecimento fechou, eles resolveram ir para outro lugar. No caminho, encontraram com moradores de rua; “preocupado” com a segurança da mulher, o homem sugeriu entrar em uma escola onde disse trabalhar, ela acreditou e foi. Lá, ele a estuprou, mas gentilmente pediu para que ela ficasse calma. O motivo? Machismo.

No dia 26 de agosto, um jovem de 21 anos descontente com o fim do namoro foi de bicicleta até a casa da ex-namorada, por volta das 21 horas, chamou-a ao portão para conversar, ela foi. Ele fingiu que ia embora, sacou a arma e disparou três tiros contra a adolescente de 17 anos. Ela foi levada ao hospital e sobreviveu. O motivo? Machismo.

Em Poço Verde, interior do estado, o corpo de Lindicelma dos Santos, 22 anos, carinhosamente conhecida como Nina, foi encontrado carbonizado em uma estrada do povoado Cabeça Vermelha, no dia 1º de setembro. Segundo a polícia, Nina foi estuprada e, em seguida, queimada viva. O fogo foi direcionado para a sua vagina e sua cabeça, características de crime passional para a polícia. O motivo? Machismo.

O motivo desses crimes não é a passionalidade, é o machismo. É a ideia machista da relação sustentada pelo direito de posse, que historicamente os homens têm sobre os corpos e as vidas das mulheres. É a inércia do ESTADO que tem mostrado sua incapacidade de combater, punir e reeducar numa perspectiva emancipadora.

As políticas públicas e sociais dos últimos anos não conseguem abarcar nada para além do desenvolvimentismo capitalista. A própria Lei Maria da Penha tem seu limite classista claro, na medida em que sua aplicação tem servido para aumentar o número de homens negros e pobres encarcerados. O corte de verbas para as áreas sociais, o que inclui as políticas públicas específicas para as mulheres, só reforça a falta do comprometimento do governo federal. Em Sergipe, o déficit de delegacias especializadas e com atendimento 24 horas faz toda a diferença. A falta de incentivo para uma integração entre capital e interior dificulta as relações e o acúmulo de debates e de formação contra a violência machista.

Precisamos subverter essa ordem opressora, mas ainda falta muito a ser feito. Muito a ser discutido. Muito a ser avançado. O que não podemos é descansar no erro, nos conformar no silêncio.





Com informações do Jornal da Cidade, edições 20 e 27 de agosto de 2013.
Com informações do Jornal do Dia, edição 27 de agosto de 2013.


Coletivo de Mulheres de Aracaju, 4 de setembro de 2013.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Um 'Fim do Mundo' pra trazer uma nova força à cena HC

Karne Krua
(Foto por Thiago Leão)
Robot Wars
(Foto por Thiago Leão)
Já fazia algum tempo que Aracaju não tinha uma sessão de bandas underground no melhor estilo hardcore pra render uma boa roda de pogo. Eis que surge um bem-vindo Concerto para o Fim do Mundo, que colocou nada menos que oito boas bandas do cenário local pra agitar a tarde e noite de domingo, dia 1º de setembro. A oportunidade ideal pra sair do marasmo de um dia morgado e também pra estrear com o pé esquerdo as postagens do Dicoturno (sim, porque usar pé direito é coisa de reaça).

Casca Grossa
(Foto por Thiago Leão)
A tarde começou com a Sublevação, uma das mais antigas bandas do hardcore sergipano. Os veteranos abriram o evento descendo a madeira e mandando ver nas letras politizadas – como não poderia deixar de ser –, mostrando bem o teor do que viria pela frente. Em seguida foi a vez da dulpa Ivo Delmondes (bateria) e Sílvio Gomes (guitarra) levarem a ruideira ao extremo com a Robot Wars. Neo-crust de primeira em um show com muitas músicas autorais e um puta timbre na guitarra que agradou demais.

Holidays
(Foto por Thiago Leão)
A terceira banda foi a Renegades of Punk que tomaram o palco pra, como sempre, mandarem um set impecável, a maioria do último trabalho deles – o Coração Metrônomo, lançado no ano passado. Não faltou energia à banda, embora o público não estivesse ainda no embalo pra curtir numa graaande roda de pogo, ficando mais atenta pra, talvez, conhecer o som. Daniela, vocalista e guitarrista, mandou um importante recado enaltecendo a iniciativa do evento e clamando pra que mais pessoas e, principalmente, mais garotas tomassem parte da cena, fizessem acontecer e continuassem a ‘movimentar o movimento’ (com o perdão da redundância), que quase vinha parando.

Crimes Hediondos
(Foto por Thiago Leão)
Útero Kaos
(Foto por Thiago Leão)
Logo depois foi a vez da Karne Krua, com uma porrada de clássicos novos e antigos. Aí sim o público acordou (pena que meio tarde) e a roda se formou. Ao final do set, aquela que é um dos grandes ‘hinos’ do HC sergipano: ‘subversores da ordem’. Da Karne Krua partimos para a Holidays, com um hardcore melódico e letras engajas, cantadas em inglês. Em seguida foi a vez da Casca Grossa, levando os ideais anarquistas ao extremo no vocal de Flávio, um show igualmente cheio de energia e com mensagens antissistema.

Sublevação
(Foto por Thiago Leão)
Perto do fim da noite a Útero Kaos mostra que o recado de Dani, da Renegades, tem muito a vingar. Formada por duas garotas (uma no vocal e outra na guitarra) e um camarada na bateria, a banda deu uma porrada na cara do sexismo pra mostrar que a cena pode – e deve – ser de tod@s. Que venham mais bandas com garotas na formação. Por fim, encerrando a primeira parte do Concerto para o Fim do Mundo, Crimes Hediondos destroçou o (pouco ou quase nada) que restava de recato no recinto, protestando e denunciando toda a violência da sociedade em um core frenético.

Renegades of Punk
(Foto por Thiago Leão)
Foi um domingo, pra rever velhos amigos, fazer alguns novos e curtir um punk rock / hardcore com o volume no talo. Sílvio Campos, organizador do evento, promete que mais sessões dessas virão. Enquanto esperamos, aguardamos mais shows em Sergipe – o próximo acontece nesse sábado, dia 7 de setembro, no III Rock Underground Socorro, que acontece a partir das 19h no fundo do GBarbosa do Conjunto João Aves, onde, no dia da “independência”, cantaremos que ‘ordem e progresso é coisa de fascista, eu quero igualdade, liberdade e justiça’. Saúde para tod@s e até a próxima!


Concerto para o Fim do Mundo
(Foto por Thiago Leão)
Concerto para o Fim do Mundo
(Foto por Thiago Leão)