segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Karne Krua (re)lança disco Inanição com Babalu na bateria

Karne Krua e demais bandas proporcionaram noite insana
Há sete anos atrás, a Karne Krua gravava o disco Inanição, um puta trabalhão da veteraníssima e incansável banda de hardcore sergipana que tem mais tempo de atividade que a idade da maioria do público que vai a seus shows. Foi o último disco gravado pelas baquetas de Thiago Babalu, que se mandou pra morar em São Paulo e seguir seu caminho na música em cenas menos limitantes que a nossa. Sete anos foi o tempo de espera pra ver esse disco lançado pela banda com com esse monstro nas baquetas. Na noite (e madrugada adentro) de sábado, dia 28, essa espera foi sanada com uma noite insana. É difícil até de descrever, mas vamos lá...

Robot Wars
Robot Wars
Foi a Robot Wars que abriu o palco, com a dupla Sílvio (guitarra) e Ivo (bateria) pra levar um neo-crust violento. O Dicoturno já tinha acompanhado a performance da banda no Concerto para o Fim do Mundo. Obscuro e barulhento, esse segundo show foi tão cheio de delay e ruído quanto o primeiro e agradou quem tava lá na Casa Rua da Cultura, apesar de pouca gente ter chegado a essa altura da noite. Houve quem estivesse preocupado com um possível boicote contra a casa, mas isso vai ser tratado mais adiante.


Nucleador
Nucleador
Logo depois o palco foi tomado pela Nucleador. O vocalista, Levi, é um dos caras mais versáteis da cena atual. Do ska ao thrash, o gogó do cara tem qualidade. E acompanhado por Murilo (guitarra), Petoh (bateria) e Tiê (baixo), a banda tocou com um público já mais numeroso (ufa!), afastando o temor de pouco público (afinal, a noite era especial) e só aí a roda se formou. No excelente repertório autoral, deu até pra fugir um pouco da sonoridade usual da banda e encaixar dois covers de Pennywise, punk californiano que também animou.

Crimes Hediondos
Crimes Hediondos
Hora da Crimes Hediondos: hora de madeira! O core de Pedro (guitarra), Mazinho (baixo, aniversariante do fim de semana) e Mago (bateria) se complementam com o vocal de Alécio, sempre muito performático, que eleva a empolgação, desce do palco pra cantar/pogar no meio da roda, berra, canta, se contorce. É a reação natural da banda e de quem curte um show, uma reação tão visceral quando o som gerado e cuspido no recinto. Show impecável, punk demais. Estava todo mundo aquecidíssimo e preparado pro que viria.

Babalu na bateria da Karne Krua
Karne Krua
É o que se pensava. Pouca gente estava preparado pra porrada que seria o show da Karne Krua. Todo mérito do mundo pro atual baterista, Adriano, um puta músico que continua elevando a qualidade do som deles, com a mesma ferocidade e qualidade de todos esses (muitos) anos de banda. Mas ver Babalu na formação lançando o “Inanição” foi especial. Eu já disse que ele não deve ser desse planeta. Foram sete anos morando em São Paulo, sem ensaiar, mas o cabra volta e, mesmo com a conversa fiada de que não sabe mais tocar hardcore, destrói.

Karne Krua
Karne Krua
Conversa fiada, claro. Como bem expressou Adelvan Barbosa, do Programa de Rock, a evolução de Babalu ao longo dos anos fez desse show uma monstruosidade. “Na moral, acho que foi um dos melhores shows de Hard Core que eu já vi na vida. Sem exagero”, publicou. Foi lindo. Tão lindo que quase ficamos sem registro fotográfico: entrei na roda, com câmera e tudo, que levou umas duas ou três pancadas. Sobreviveu, assim como quem esteve lá. Insano – sem mais.

UMA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Apenas um adendo: muito se falou durante a semana que antecedeu esse lançamento sobre um incidente, que rendeu muitos protestos, ocorrido na Casa Rua da Cultura , que abrigou o show. Grupos organizados pró-feminismo e pessoas envolvidas acusam um dos “mentores” da casa de machismo contra duas garotas. Agressões físicas dos dois lados, envolvendo também o namorado de uma das garotas, foram amplamente divulgadas, o que iniciou um debate intenso nas redes eletrônicas.

Sílvio Campos, vocalista da Karne Krua conversou com o Dicoturno sobre isso e destacou que não costuma tratar diretamente com o “acusado” quando fecha eventos no espaço. Porém, ele enfatiza que condena a prática do machismo – assim como a opinião geral que pairava no ambiente na noite do show. Não poderia ser diferente no meio da comunidade punk, que tem aversão a machismo, racismo, homofobia, xenofobia, e outras formas de opressão fascistas. “Nós da banda conversamos e, quando ficamos sabendo do ocorrido, condenamos, se foi mesmo como está sendo dito. Não compactuamos com práticas machistas”, disse Sílvio.

O show, que já estava marcado e com tudo acertado com a casa antes do incidente do fim de semana anterior, foi mantido. Houve quem comentou que amigos preferiram não ir por conta do local. Não se sentiriam à vontade no ambiente onde uma suposta demonstração de machismo teria sido feita de forma tão ostensiva. Os organizadores, não tendo relação nenhuma com os envolvidos dos dois lados, o mantiveram.

Ex-componentes do grupo teatral que têm na Casa Rua da Cultura seu teto, assim como outros artistas e organizações ligadas à cultura, pedem o afastamento do seu “mentor”. Opiniões divididas, protestos anti-machismo, defesas, boicotes e pedidos de afastamento. Com isso tudo a pergunta é: terá sido esse o último show de hardcore sob a atual “administração” da Casa Rua da Cultura?

Robot Wars
...uniu todos numa grande festa punk
Roda de pogo em todas as bandas...


Nucleador
Nucleador

4 comentários:

PURGATORIUS RECORDS disse...

só 2 correções no texto:
1- o disco não foi gravado há sete anos atrás e sim bateria.
2-esse não foi o primeiro registro do babalu na karne krua,ele também participa do cd EM CARNE VIVA de 2002
é isso...
abraços

Unknown disse...

A formação do show não foi aquela que gravou o disco. Ivo é baixista atual da banda mas não participa da gravação do Inanição.

Ideal.HC disse...

Sim, amigos, obrigado pelos toques. Correções devidamente feitas. Valeu!

programa de rock disse...

Boa resenha. Parabéns pela iniciativa do blog,.. precisamos de mais registros da cena, com visões e opiniões diferenciadas. Enriquece o processo.